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Mensageiros invisíveis: como os exRNAs estão transformando o combate ao câncer

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Uma revolução silenciosa está em curso na medicina, e ela tem nome: RNA extracelular, ou exRNA. Trata-se de uma molécula microscópica que circula livremente no sangue e outros fluidos corporais — como saliva e urina — e que pode transformar profundamente a forma como o câncer é diagnosticado, monitorado e tratado. É o que aponta uma nova revisão científica assinada por pesquisadores da Universiti Putra Malaysia e de outras instituições asiáticas.

Esses fragmentos de material genético, liberados pelas células e transportados em vesículas chamadas exossomos, carregam informações valiosas sobre a origem e o comportamento dos tumores. A principal vantagem? Eles permitem acessar essas informações por meio de exames minimamente invasivos — um simples tubo de sangue pode conter as pistas necessárias para detectar a presença de um câncer antes mesmo dos primeiros sintomas.

A possibilidade de realizar uma “biópsia líquida” — ou seja, sem cortes, agulhas ou cirurgias — é uma das aplicações mais promissoras dos exRNAs. Com eles, torna-se viável não apenas diagnosticar precocemente, mas também acompanhar a evolução do tumor em tempo real, identificar mutações, medir a agressividade da doença e até prever se o paciente responderá a determinado tratamento.

Cientistas também investigam como essas moléculas podem atuar não só no diagnóstico, mas como parte do tratamento. Em testes pré-clínicos, foi possível usar exossomos para transportar exRNAs modificados com ação terapêutica diretamente até as células tumorais. Os resultados incluem a inibição do crescimento dos tumores e a reversão de resistências à quimioterapia — abrindo caminho para terapias mais precisas e com menos efeitos colaterais.

Apesar do avanço acelerado, o uso clínico dos exRNAs ainda enfrenta desafios. Entre eles estão a padronização dos métodos de coleta, a entrega direcionada dos exossomos terapêuticos e a necessidade de regulamentações que garantam segurança e eficácia. Também é preciso desenvolver formas de produção em larga escala para tornar essas soluções viáveis nos hospitais.

Ainda assim, a comunidade científica está otimista. A integração de bioengenharia, inteligência artificial e medicina personalizada promete acelerar o uso dessas moléculas no cotidiano da oncologia. O objetivo é claro: construir um futuro onde a detecção e o tratamento do câncer sejam mais precoces, menos invasivos e mais eficazes.

O artigo completo, intitulado “ExRNA como agentes teranósticos no câncer: progresso atual e perspectivas futuras”, foi publicado na revista ExRNA e está disponível em acesso aberto para consulta pública.